terça-feira, 26 de outubro de 2010

Serra não rima com mata nem com inclusão social

Serra foi ao segundo turno
Não pela própria doutrina
Mas na garupa da Marina
E não entendeu o recado
O povo quer ser governado
Por uma mulher afinal
Sem cacoete neoliberal
É preciso dizer na lata
Serra não rima com mata
Nem inclusão social.

Serra evoca a imagem
De uma terrível ferramenta
Uma máquina barulhenta
Em meio à verde mata
Mas o que o mais ele retrata
É o retrocesso geral
Da conquista institucional
Meu mote não é cascata
Serra não rima com mata
Nem inclusão social.

Digo aos “Verdes” genuínos
Nascidos da pureza da terra
Que irem ao encontro de serra
É jogar-se num precipício
È um inglório sacrifício
Destruição certa e fatal
Na serra neoliberal
Não é opção sensata
Pois serra não rima com mata
Nem inclusão social.

Todos os tipos de serra
- Serra, serrinha serrote
Cabem dentro deste meu mote
Pois quem garroteou nosso povo
Agora apresenta de novo
A receita neoliberal
Dos banquetes do capital
Do mundo poluído em sucata
Serra não rima com mata
Nem inclusão social.

A serra neoliberal
Já cortou por todo lado
Minimizando o Estado
Vendeu quase tudo daqui
Nos fez refém do FMI
Do desemprego geral
Do arrocho salarial
De especulador e pirata
Serra não rima com mata
Nem inclusão social.

Serra, gênero de muitas espécies
Dependendo de onde e quando
Já foi Ieda e Fernando
E agora se passa por Zé
Negando ser marcha-ré
Pois a cada ano eleitoral
Muda o tom neoliberal
Mas não, a sereia e a sonata
Serra não rima com mata
Nem inclusão social.

Serra, o sedizente Zé do povo
Tem uma postura engraçada
Insiste que surgiu do nada
Mas se esforça pra esconder
O presidente FHC
Seu mentor intelectual
Pois seu apoio pega mal
E a verdade é coisa chata
Serra não rima com mata
Nem inclusão social.

Inventor do aumento zero
FHC disse ao mundo
Que aposentado é vagabundo
Por isso não é benquisto
Como Judas a negar cristo
Serra pra não se dar mal
Esconde a relação filial
Mas é tudo encenação e cascata
Serra não rima com mata
Nem inclusão social.

O recado do primeiro turno
É claro e não tem firula
Pra continuar o que fez Lula
O povo foi clarividente
Quer uma mulher presidente
Do nosso torrão natal
É Dilma meiga, firme e leal
Mulher que não faz bravatas
Vai preservar nossas matas
E continuar a inclusão social.


(*) Zé Valdir - professor, advogado, militante social, poeta popular e ex-vereador em Porto Alegre.